BIOSSEMIÓTICA E O UMWELT
A Teoria do Umwelt (alguns preferem chamar de "a Umwelt" pois na língua alemã é feminino (die Umwelt) foi elaborada por Jacob von Uexküll.
Umwelt significa "ambiente", mas no caso dessa teoria trata-se do ambiente como ele é representado na mente dos animais
Assim o Umwelt (acho esquisito escrever "a" Umwelt, fica parecendo confusão de alemão falando português) é uma espécie de "Mapa Mental" do mundo que existe à nossa volta. Esse mapa mental não precisa ser exatamente igual ao mundo, mas bastaria que ele fosse coerente do ponto de vista sistêmico. Seria como um display interativo com o mundo ele mesmo.
Von Uexkull usa o termo 'Umwelt' para se referir a esses mundos vividos relativos. Ele os apresenta como nos quadros seguintes de um prado como podemos vê-lo e, em seguida, abaixo, como pode parecer a uma abelha. A figura superior (de von Uexkull, 1957) representa o ambiente de uma abelha.
A figura inferior representa o Umwelt da mesma abelha, isto é, o mundo como ele aparece para a abelha através da estrutura do sistema perceptivo da abelha. A noção é que os organismos são construídos para perceber objetos que são significativos para eles. É conjectural, sim, mas com base em uma delineação completa das pistas perceptivas a que as abelhas respondem. As abelhas pousam em figuras que exibem formas quebradas, como estrelas e cruzes, e evitam formas compactas, como círculos e quadrados. A figura...
"...que foi projetada nessa base, contrasta o ambiente de uma abelha com seu Umwelt. A abelha é vista em seu ambiente, um campo de florescência, no qual florescem flores alternadas com brotos. Se nos colocamos no lugar da abelha e olhamos o campo do ponto de vista de seu Umwelt, as flores são transformadas em estrelas ou cruzes de acordo com sua forma, e os brotos assumem a forma ininterrupta dos círculos. O significado biológico desta qualidade recentemente descoberta nas abelhas é evidente. Somente as flores florescem têm um significado para elas; Os botões não."(Uexküll, 1957).
O fato é que no caso da espécie humana o Umwelt tem incluído novos signos à medida que nosso conhecimento a respeito do mundo aumenta. Isso poderia ser uma forma de Dilatação do Umwelt humano. Por exemplo, nós não vemos todas frequências das ondas eletromagnéticas, apenas as que estão do espectro luminoso. Mas conseguimos utiliza-las nos sistemas de comunicação eletromagnéticos (rádio, tv, telefonia móvel, radar, etc).Interessante é que o Umwelt está perfeitamente adaptado àquilo que Uexküll chama de "Natur", que é a mesma Realidade Última. Pelo menos é o que eu deduzo dos estudos feitos até aqui.
Há uma metáfora sobre o Umwelt e Natur que os compara com um compositor que escuta uma música de sua autoria tocada através de instrumentos que foram por ele mesmo construídos. Interessante, não é ? Ouça, logo abaixo, este concerto de Johann Sebastian Bach (Brandenburg n 06), e perceba como ele articula os diferentes sons dos instrumentos de uma forma harmônica e integrada, como se fosse uma conversa entre eles... imagine a "Natur" fazendo isso com as plantas e o Umwelt dos animais.
O próprio Uexküll desenvolve uma teoria do signo que ele denomina de doutrina do significado. Para ele o SIGNO é o resultado da combinação de um UTILIZADOR DE SIGNIFICADO com um PORTADOR DE SIGNIFICADO. Sendo que o primeiro refere-se a um sensor biológico ( transdutor ) e o segundo são fenômenos físicos passíveis de medição pelo investigador. Já que se trata de uma investigação biológica, é difícil que o investigador possa perguntar ao animal o que ele está "sentindo" com o fenômeno... (Só o Dr Dolitle conseguiria)
"Nesta Teoria de composição, as propriedades de nosso Umwelt e nossos orgãos sensórios são também compostos uns para os outros. Podemos dizer que nossos olhos (como utilizadores de significado) são "complementares" ao Sol emissor de luz, extamente como o Sol (como portador de significado) refere-se aos nossos olhos doadores da visão." (Thure von Uexkül, 1992)
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